
Jesus Reynaldo Condori Sanizo, a esposa Irma Morante Sanizo e o filho Gian Abner Morante Condori foram encontrados mutilados, enrolados em sacos e dispostos dentro de malas e caixa em Itaquaquecetuba. Polícia prendeu dois suspeitos. Um terceiro está foragido.

Na terça-feira (8), a Polícia Militar encontrou os corpos do casalJesus Reynaldo Condori Sanizo, de 39 anos, Irma Morante Sanizo, de 38 anos, e de Gian Abner Morante Condori, de 8 anos, filho deles, emItaquaquecetuba. Eles estavammutilados e enrolados em plástico, dentro de malas, caixa e pacotes, na casa dos fundos de um imóvel. Dois suspeitos de envolvimento no caso estão presos. Um terceiro é procurado pela Justiça.
A polícia chegou primeiro ao nome de Gustavo Vargas Arias, que está foragido. Ele era cunhado de Irma, funcionário do casal e havia alugado a casa onde os corpos foram encontrados. Gustavo fugiu na segunda-feira (7).
Miguel Alvaro Bautista Silva e Roberto Kally Javier, que já estão presos, são amigos de Gustavo. Eles intermediaram o aluguel da casa e entraram em contradição enquanto prestavam depoimento na tarde desta quarta-feira (9).
O delegado Eliardo Amoroso Jordão acredita que a motivação do crime possa ser financeira, porque Gustavo Vargas Arias retirou as máquinas e pertences da casa da família em São Paulo e levou para o imóvel alugado por ele em Itaquaquecetuba, onde os corpos também estavam.
O que se sabe até agora sobre o caso da família boliviana mutilada:
1. Jesus Jesus Reynaldo Condori Sanizo, de 39 anos, é natural da Bolívia e estava no Brasil há 18 anos. Era proprietário de uma confecção em São Paulo. Estava em tratamento de um câncer. Ele foi visto pela última vez em 23 de dezembro.
2. Irma Morante Sanizo, de 38 anos, natural da Bolívia e esposa de Reynaldo. Trabalhava na confecção com o marido e estava no Brasil também há 18 anos. Ela foi vista pela última vez em 23 de dezembro.
3. Gian Abner Morante Condori, de 8 anos, nasceu em São Paulo. Era estudante e filho de Irma e Reynaldo. Foi visto com vida pela última vez em 23 de dezembro, quando um primo o deixou com o tio na casa em que morava.
4. Gustavo Vargas Arias, natural da Bolívia, está no Brasil há oito anos, e há um ano trabalhava com o casal Irma e Jesus. Ele é cunhado de Irma, suspeito de matar o casal e o filho. Está com a prisão temporária decretada e é procurado pela Interpol.
5. Miguel Alvaro Bautista Silva, boliviano, é amigo de Gustavo e suspeito de participação no crime. Ele teria ajudado Gustavo a alugar a casa onde os corpos foram encontrados. O delegado pediu a prisão dele depois de entrar em contradição durante o depoimento. Ele está preso.
6. Roberto Kally Javier, boliviano, é amigo de Gustavo e suspeito de participar do crime. Ele teria ajudado Gustavo a alugar a casa onde os corpos foram encontrados. O celular de Irma foi encontrado na casa dele. O delegado também pediu a prisão temporária dele depois de entrar em contradição durante o depoimento. Ele está preso.
7. Ramiro Sirpa e Clélia Condori são casados. Ela é prima de Jesus Reynaldo. Eles trocaram mensagens com os perfis de Irma e Jesus durante 15 dias, mas acreditam que quem respondia era o suspeito Gustavo.
- Irma é vista pela última vez com vida, por Clelia, que vai até a casa da família vender comigo e e Gian para brincar com os filhos dela. Ela leva a criança.
- No fim do dia, Ramiro leva Gian até a casa dele, mas não encontra Jesus e Irma. Quem está lá é Gustavo. Ele diz que o casal foi ao supermercado e fica com Gian.
Segunda-feira, 24 de dezembro
- Clelia envia mensagem de feliz Natal à Irma, que responde e diz que está na casa de primas.
Segunda-feira, 31 de dezembro
- Clelia volta a se comunicar com o perfil de Irma nas redes sociais. Ela deseja feliz Ano-Novo e diz que recebe uma mensagem de volta de Irma agradecendo e desejando o mesmo.
Segunda-feira, 7 de janeiro
- Clelia e o marido Ramiro desconfiam que pode ser que não sejam Irma e Jesus quem responde às mensagens pelas redes sociais. O perfil de Irma fica offline.
- Ramiro faz ligações ao perfil de Jesus, mas ele as rejeita. Ramiro pede que ele envie um áudio, mas ele diz que o telefone está com problemas.
Terça-feira, 8 de janeiro
- Clelia procura a Delegacia e Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo, e registra um boletim de ocorrência de desapecimento de Jesus, Irma e Gian.
- À noite, a Polícia Militar recebe a informação de que poderia haver pertences da família em uma casa da rua Serra Formosa, no Conjunto Habitacional Dona Escolástica, em Itaquaquecetuba. No local, encontra os corpos da família mutilados, enrolados em plásticos, dentro de malas, caixas e plástico.
Quarta-feira, 9 de janeiro
- A Polícia Civil diz que Gustavo é o principal suspeito do crime. Ele não é encontrado.
- O delegado Eliardo Jordão houve quatro depoimentos e decide pedir a prisão de Gustavo, Roberto e Miguel, por considerar que estes dois últimos entraram em contradição.
- Miguel e Roberto são presos. Gustavo é considerado foragido no Brasil e procurado pela Interpol.
- O delegado divulga que a motivação do crime pode ser financeira, já que Gustavo retira da casa do casal em São Paulo as máquinas e pertences e leva para a casa alugada por ele em Itaquaquecetuba.
- O cônsul da Bolívia vai até o DP do Cayubi, em Itaquaquecetuba, para acompanhar o caso.
Quinta-feira, 10 de janeiro
- Ramiro conta que durante o desaparecimento do casal, Gustavo deu informações desecontradas sobre o paradeiro da família. Chegou a dizer que eles tinham viajado para a Bolívia e também que foram até o interior de SP procurar uma casa para alugar.
- Clelia e Ramiro divulgam imagens de conversas que tiveram por uma rede social com perfis de Irma e Jesus. Eles acreditam que Gustavo se passava por eles.
- O caso repercute na imprensa internacional
- Pastor Roque, irmão de Jesus Reynaldo, desembarca no Brasil e diz que irmão foi morto por causa de dinheiro
- Família do casal em La Paz diz que corpos deverão ser enterrados na Bolívia.
Vontade de viver
Ramiro Sirpa disse em entrevista por telefone ao G1 que Jesus Reynaldo Condori Sanizo passou por uma cirurgia para a retirada de um tumor na cabeça. Chegou a ter um derrame e estava tratando da doença.
Ramiro conta que, a todo momento, Jesus reforçava a sua esperança na cura. “Ele estava melhorando e não queria perder a família. Ele tinha muita vontade de viver.”
A próxima consulta médica estava marcada para este mês. “Ele era meu amigo, um cara de bem, muito querido. Ele lutou muito para viver e morrer desse jeito é terrível.”