Moradores relatam problemas nas calçadas, banheiros públicos e transportes. A Prefeitura de Itaquaquecetuba informou que melhorias em calçadas no centro e também dos banheiros estão sendo feitas e que vai criar mais vagas de estacionamento para pessoas com deficiência.
As pessoas com deficiência física que vivem em Itaquaquecetuba estão revoltadas com a falta de acessibilidade na cidade. São calçadas sem rampas, banheiros públicos sem acesso, falta de estacionamento, elevadores quebrados nos ônibus e até na estação de trem. Eles relatam que já fizeram reclamações, mas que agora decidiram se unir para exigir melhorias.
A Prefeitura de Itaquaquecetuba informou que melhorias em calçadas no centro e também dos banheiros estão sendo feitas e que vai criar mais vagas de estacionamento para pessoas com deficiência.
O que parece ser só mais uma calçada para a maioria das pessoas, é um desafio tremendo para quem está em uma cadeira de rodas. Moisés Dourado, que é deficiente físico, diz que a situação é ainda pior quando o assunto envolve transporte coletivo.
“Muitas empresas estão com os elevadores ruins. Às vezes os ônibus demoram muito. Eu já cheguei a ficar esperando no ponto até duas horas. Porque os elevadores andam muito com problemas. Às vezes os motoristas precisam ficar pulando em cima. Eles perdem muito tempo com o elevador para abaixar”.
Já a aposentada Gislene de Andrade relata que ficou dias em casa com a cadeira de rodas que quebrou por causa das calçadas sem estrutura. Ela também procurou por ajuda, mas não teve uma resposta.
“É muito difícil. Para você conseguir ir de um ponto a outro, você encontra muitos obstáculos. E as cadeiras de rodas vão na calçada. Você tem que sair e ir para rua. Andar no meio-fio, entre os carros. Já danifiquei a cadeira e, por esse motivo já fiquei um bom tempo sem poder sair de casa, porque eu ficava dependendo da cadeira para me locomover”, comenta.
A Praça Padre João Álvares, no Centro, foi revitalizada há alguns anos. Os trabalhos custaram cerca de R$ 1,5 e, entre as melhorias, está o banheiro público. No entanto, não é todo mundo que consegue usar.
Os banheiros acessíveis viram depósito e dificultam a rotina de quem passa pelo local, como é o caso da aposentada Valdemira Paiva. “Agora tiraram as rampas e fizeram um depósito de limpeza. E a gente precisa usar o banheiro porque aqui, geralmente, os comércios todos têm escada. A gente precisa usar o banheiro”, lamenta a moradora.
Direito
Existe uma Lei Federal que garante direitos às pessoas com deficiência no Brasil, como acesso a prédios públicos, adaptação de ruas, do transporte e até mesmo das vagas de estacionamento, que nem sempre são respeitadas.
“Principalmente na rua da estação. A Ítalo Adami é uma rua muito longa e tem uma vaga para deficiente. Se eu tiver que acessar uma loja no começo da avenida, tenho que deixar o carro lá na estação e vir a pé usando muletas. Isso é um desrespeito muito grande à população, principalmente aos deficiente físicos”, diz Deusimar de Souza Silva.
Segundo um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, são cerca de 4,3 mil deficientes no município, sendo que nem todos têm a mobilidade reduzida aparente, como um cadeirante.
Algumas pessoas sofrem com a deficiência invisível, como a Rita Maria Serafim Fonseca, que é bancária e nasceu sem as pontas de um dos dedos das mãos.
“Eu caí várias vezes no ônibus. As pessoas acham que a gente cai porque não segura direito. Não, porque no meu caso não é visível, mas eu tenho a perda de força. Eu tenho minha limitação e isso dificulta muito. É muito ruim o nosso dia a dia, porque a gente é pessoa com deficiência e não tem o mínimo de respeito. Nenhum”, desabafa.
Com tantas reclamações, eles agora se uniram, não só pra encarar as dificuldades juntos, mas principalmente para cobrar de vez uma solução pra tanto descaso. “É uma lei que tem que ser cumprida. De calçada, de acessibilidade em geral. É uma lei. Não somos nós, deficientes e cadeirantes, que temos que providenciar esse projeto”, comenta Gislene.
“Respeitar a lei, em primeiro lugar e olhar para os deficientes físicos como uma pessoa que necessita e que não está pedindo nenhuma esmola, que não está pedindo nada para ninguém. Está exigindo que a lei seja cumprida. Simples, só isso”, completa Deusimar.
“A gente sofre porque não tem empatia das pessoas com a gente. Nem das autoridades, muito menos das autoridades”, declara Rita.
Em nota, a Prefeitura de Itaquaquecetuba informou que as melhorias das calçadas no centro e também dos banheiros na praça estão sendo feitas e toda adaptação deve terminar ainda no primeiro semestre deste ano.
A Secretaria de Transportes informou que também está implantando novas vagas para deficientes na cidade e que a Avenida Ítalo Adami consta na programação de serviços.
Já sobre a questão da acessibilidade no transporte, a Secretaria afirmou que vai notificar a empresa e que a Expreso Planalto Itaquá informou que ainda no primeiro semestre deste ano vai receber 60 novos veículos com elevador e respeitando a lei federal de acessibilidade. Atualmente, 100% da frota tem elevador.
Em relação ao elevador quebrado na estação, a CPTM disse que vai elaborar um projeto de adequação de acessibilidade para a estação Itaquaquecetuba. e que depois de terminar este projeto, vai definir o cronograma de obras da estação.
A companhia informou ainda que entre 8 e 10 de janeiro o elevador da estação apresentou uma falha técnica, mas já foi consertado e que nestes casos os funcionários da Companhia estão habilitados e orientados a ajudar as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida no deslocamento nas estações.